JOÃO MATIAS BEIJA FLOR
( PORTUGAL )
Mora em Cardigos, Santarém – Portugal.
Poeta caracterizado pela musicalidade de seus poemas.
ALEF – Revista de Literatura Ibero-americana. Ano I no. 1. Editores: Ana Laura Kosby e Marco Celso, Huffell Viola. Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil: maio 2012 56 p.
Ex. bibl. de Antonio Miranda
RENASCO... DA EXISTÊNCIA
Caminho morno e doce, enquanto a sorte for
Um jogo de ventos, de cartas de amor.
Entorno nos passos da batota extensa
O gozo lendário da lesta ousadia
E colho das farsas uma recompensa
Alagando as margens da minha poesia.
Assinalo com estigmas o constrangimento
Das portas fechadas na boca do tempo.
Testemunho o discurso do “daqui em diante”
No perto da espera, tão bera e distante.
Visto-me de sábio, de douto, erudito
E exerço domínio nos olhos do mosto
Gritando e fervendo na raiva do pipo
Sou pão e fermento na dor e no grito
Levedando em risos o triste do rosto.
Decido as sentenças, fabrico as loucuras,
Meu pacto maluco de sangue e de juras.
Dobro no ventre o friso do choro
Sacudo a dependência de ser terra plana
No brilho dos olhos a fome devoro
Compondo a novela da vida sacana.
Assim agradeço a pele, na gaze da ferida
e afugento as noites por fora da vida.
Composto de fibras divido em fracções
a medida intensa dos meus trambolhões.
Desarranjo o equilíbrio, desfaço o enredo
Reparto do junco a cana e a verga
Enfeito e adorno no acto do medo
o sobrado podre dos sonhos, da perda.
Bordando este mundo, fazendo a diferença
Renasço do homem que nega a existência
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Página publicada em outubro de 2023
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